Diante de um turbilhão, em meio a papéis desafiadores, entre carreiras exigentes, a criação dos filhos e inúmeras responsabilidades diárias, surge um feito notável que merece celebração na vida da mulher contemporânea: ela decide reservar um tempo valioso para si e dar um passo audacioso em direção à reconexão consigo mesma.
Esta é a história de uma viagem de 13 dias. De quando escolhi me aventurar sozinha, longe da rotina, para explorar as maravilhas e desafios da minha jornada interior.
No início dessa jornada, compartilhei minha presença em Lisboa para o Web Summit, uma parte fundamental da minha (re)conexão. A principal delas foi me abrir e conhecer novas pessoas, beber com novos melhores amigos, me comunicar em outros idiomas e aprender sobre um mundo novo.
A segunda etapa desse percurso desenrola-se em Madri, uma cidade que chamei de lar por 2 anos e que não visitava há quase 9 anos. No aeroporto de Lisboa, check-in feito para a capital espanhola, senti uma ansiedade enorme logo na partida, quando minha coragem e autoconfiança foram testadas. Cheguei a duvidar se conseguiria seguir meu plano ou se seria melhor embarcar de volta a Brasília naquele mesmo dia. Tentei me acalmar e foram os 60 minutos mais longos que passei dentro de um avião. Será que eu aguentaria ficar mais alguns dias longe dos meus amores e com culpa materna batendo forte? Sério, nunca bateu tão forte.
E se eu tivesse… Entrei no avião rumo a Madri. Decolou! UFA!
Já respirando o ar puro – cof cof cof de cigarro – de Madri, me vi totalmente sozinha e sem a presença dos meus filhos, do meu marido e dos amigos que deixei em Lisboa. Longe da urgência dos negócios, me deparei com o silêncio que, no primeiro momento, foi assustador, mas depois libertador. A solidão se transformou em uma aliada na exploração da minha própria essência.
Sem as amarras da rotina, me vi em um estado de autenticidade pura, livre e principalmente sem a necessidade de cumprir expectativas externas. Encontrei minha amiga do coração. Cada passo, cada decisão era guiada apenas pela minha vontade, resgatando a sensação há muito tempo esquecida da autonomia. Acordei tarde, tomei brunches demorados regados a Mimosas, jantei duas vezes no mesmo dia, comi todas as tapas que ofereceram… li o best seller "No todo el mundo" da escritora madrileña Marta Jiménez Serrano, visitei o Prado, o Reina Sofia, tomei café etíope na cafeteria Angelica e comi calamares fritos na hora do CostaBlanca.





Flanar por Madrid é uma dádiva. Não é todo dia que se pode fazer isso e eu tinha apenas cinco. Fui turista na minha própria cidade. E explorar sua cidade do coração é um sentimento de lavar a alma à prova de Mercúrio Retrógrado.
Nessas reflexões, revisitei sonhos esquecidos e realizados. Fiz pausas e curti meu ócio como nunca. Sem medos finalmente. Abracei minhas conquistas, meu amor pela minha família e lembrei que sem eles fico sem direção, mas também consigo me encontrar mesmo estando a 7.730km de distância.
Fiquei orgulhosa de mim. Parece bobo. Alguns diriam que "Foi só uma viagem". É fácil se esquecer que, para uma mãe, se desconectar é muito desafiador, duro, mas eu consegui e tenho orgulho de mim e deles. Trouxe comigo não apenas lembranças de uma viagem solo, mas também a certeza de que, ao me reconectar comigo mesma, tornei-me uma líder mais forte, uma mãe mais presente e, acima de tudo, uma mulher que se aceita plenamente.
Minha jornada solitária como mulher, mãe e empreendedora não é apenas uma inspiração para outras mulheres que enfrentam desafios semelhantes, mas também um lembrete poderoso de que, por vezes, a verdadeira grandiosidade se encontra na coragem de se perder para se encontrar.
Que possamos nos encontrar mais em 2024. Feliz festas!
“Cabe señalar que para encontrarse no solo hay que verse: hay que verse a la vez.”
― Marta Jiménez Serrano, No todo el mundo