🌿 Você tem medo de desaparecer?
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Ilustração: Nahira Salgado
Quando Micaela Coel ganhou o Emmy por I may destroy you, ela mandou um recado aos roteiristas do mundo. Um recado que deve ter passado pela sua timeline e que dizia assim:
"Escreva a história que te dá medo, que te dá incertezas, que não é confortável. Eu te desafio. Em um mundo que nos seduz a navegar pela vida de outras pessoas para que possamos determinar melhor como nos sentimos sobre nós mesmos, e a sentir a necessidade de estarmos constantemente visíveis, pois hoje em dia visibilidade parece ser sinônimo de sucesso, não tenha medo de desaparecer – do mundo e de nós, por um tempo, e ver o que vem até você no silêncio."
Não preciso nem dizer que, embora a mensagem tenha tido um destinatário definido - roteiristas -, a carapuça serviu a muitas outras categorias. Ainda mais nesse momento em que estamos o tempo todo consumindo conteúdo, produzindo conteúdo e falando a palavra "conteúdo". De certa forma, somos todos roteiristas. Ou estamos ao menos preenchendo esses silêncios rolando pelo feed por mais tempo do que gostaríamos.
Arabella, a personagem principal de I may destroy you, passa por traumas muito fortes. Em algumas cenas, ela acha que preenche toda essa dor vendo vídeos no YouTube freneticamente. Ou ela contorna o sofrimento postando uma selfie e recebendo muitos likes. Ou ela acorda, faz o dia 29 do seu #DesafioYoga e depois alterna entre uns 3 podcasts. E no intervalo de tudo isso vêm as próprias memórias. Vem o que ela acredita de verdade e aparece o filtro original, o olhar dela mesma sobre tudo o que aconteceu. E esse é todo o spoiler que você vai ler aqui.
Esse comportamento dela, junto ao discurso viral do Emmy, fez a gente aqui na Lavanda parar para refletir sobre como a gente consome conteúdo e, sobretudo, sobre o papel do silêncio no conteúdo que a gente produz. Para nós mesmas, para marcas, para clientes, para o nosso perfil pessoal. O que acontece quando a gente abafa os nossos próprios silêncios?
Poderia ser uma distopia millennial, mas é uma cena corriqueira na vida de muita gente: acordar navegando pelo feed, fazer café ouvindo podcast, se exercitar consumindo outro, almoçar vendo um vídeo do YouTube para relaxar, procurar um #tbt bonito no fundo do álbum e depois ver mais e mais stories. E aí interagir no feed, responder comentários. Tudo isso em várias plataformas. E cada vez chegando mais.
Em 2020, chegamos a 64 zettabytes de conteúdo no mundo. Um zettabyte é 1.000.000.000.000 gigas. Haja dancinha de TikTok, carrossel de Instagram e IGTVs para preencher tudo isso. Claro que fizemos um malabarismo maluco para encaixar conteúdo em todo o momento das nossas vidas. Porque a internet produz coisas ótimas, porque é oportunidade de aprender e conhecer mais, porque ali nos relacionamos com quem a gente gosta.
Mas também para não ficar de fora, para fazer parte de um grupo, porque não postar virou desaparecer, porque "quem não é visto não é lembrado" ou "porque sim". Produzir e consumir conteúdos sem parar e sem pensar é tipo abrir um saco de Cheetos requeijão enquanto assiste Sessão da Tarde. Você nem sabe por que faz isso. Não é nem gostoso, você nem queria ver esse filme, você nem pensa em pensar por que está fazendo isso.
O discurso da Micaela chegou aqui para a Lavanda em um momento muito importante, quando revisamos os conteúdos que produzimos, planejamos a entrada de novos clientes, revisitamos estratégias e nos reorganizamos. Fazer isso nos obrigou a diminuir o ritmo em outras frentes, como adiar o envio desta newsletter, por exemplo.
Mas ela só existe porque antes teve o silêncio. E, olha só, nós não desaparecemos.
(Essa newsletter não é um Emmy, mas também não é um Cheetos requeijão)
Um beijo,
Thaís Cunha

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