Por Denise Koche

Hoje, eu coloco rosa porque eu gosto, mas nem sempre foi assim. Hoje, eu me rodeio de mulheres em tudo que eu faço. Acho até que demorou a acontecer. Hoje, minha energia feminina fala mais alto e está voltada para colaborar entre mulheres. Amadurecer é um processo e eu me permiti florescer ao longo do caminho.
Quando eu era adolescente, usar rosa era sinônimo de ser aquele bibelô da mesinha de centro, decorativo, sem grandes utilidades. Então eu evitava tudo de rosa que tinha. E eu fiz isso até meus 30 anos. Mesmo. Preferia roxo, azul, verde. Vermelho algumas vezes. Muito preto.
Se você é mulher, já entendeu que não é sobre a cor. É sobre ser mulher. Sobre parecer feminina, mostrar-se vulnerável. Querer fugir do estereótipo da fragilidade.
Em casa, sempre fui estimulada a ser independente, eu poderia fazer tudo que eu quisesse. Mesmo sendo mulher. A forma que eu encontrei – e nem me dei conta disso na época – foi copiar comportamentos masculinos, evitar rodinhas de garotas, ter mais amigos homens. Afinal, com eles eu poderia falar de carros, F1, jogar esportes que amava, fazer tudo menos falar de roupa, os gatinhos e cozinha.
Eu mal sabia, mas me distanciando das mulheres, eu ficava mais longe de descobrir a mulher em mim. Eu estava repetindo padrões, pensamentos, indo atrás de ambições e projetos que não faziam menor sentido pra mim. E isso me fazia pensar horrores. Ao mesmo tempo que eu sentia que não fazia sentido, ou me sentia deslocada, eu procurava justificar pra mim mesma que deveria ser assim. O mundo era assim.
Em um momento de lucidez, ali pelos 30, dei-me conta de que viver em dúvida é que estava errado e aquele desconforto todo existia porque eu estava ouvindo vozes que não eram a minha, vozes muitas vezes masculinas.
As mulheres que estavam perto de mim, grandes amigas, me ajudaram a perceber isso. Eu precisava mesmo era reconstruir meus passos e me rodear de quem entenderia de verdade as minhas dores, angústias, sonhos. Eu precisava era mudar meu repertório e construir relações verdadeiras com mais mulheres. Divertir-me com elas. Trabalhar com elas. Aprender com elas. Admirar mulheres.
De lá até aqui, eu aprendi o poder de se permitir vulnerável (alô Brené Brown). Que sensibilidade é uma ferramenta poderosa. Cozinhar é um ato de cuidado. Falar sobre relacionamentos é necessário. Moda não é futilidade. Ser mulher é um ato revolucionário.
No dia 8 de março desse ano, passei uma tarde repleta de rosa e negócios femininos. Estava com a Lavanda Digital, da Ana Rita, que naturalmente foi formando uma equipe 100% feminina da qual faço parte. Com a Ana Lopes, Ana Jabur, Nahira, Maíra, Polly, Thaís (no porta-retrato e pensamento). Fomos fotografadas pela talentosa Tereza Sá. Em um cenário lindo, a floricultura Petit Jardin, da Fabiana, que apoia mulheres que estão em busca de independência financeira.
Daqui pouco mais de um mês eu faço 40 anos. Construí uma rede de mulheres que me inspiram todos os dias. De formas diferentes. Mulheres com quem me divirto, trabalho, aprendo e que admiro. Essa flor desabrochou, está gerando frutos e abre caminhos para deixar sementes.